Castidade

 

emana passada, em desavergonhada entrevista a um hebdomadário local, nosso companheiro Frei Betto confessou experiências amorosas e afirmou que a opção pela castidade está em aberto.

Pecou pela imprudência o confrade dominicano ao confessar a uma revista, mesmo sabendo que a confissão é algo destinado exclusivamente aos ouvidos profissionalmente treinados dos seus colegas de farda. Pecou pela impudência ao comprometer com sua pouca-vergonha toda a classe religiosa.

Já eram conhecidos casos de meigos irmãos maristas ou afetuosos padres jesuítas que levavam o seu amor extremado pelo próximo ao ponto de manterem discretos casos amorosos com seus alunos do internato, algo tolerado pela Igreja, desde que não envolvesse uso de roupas depravadas ou utilização de objetos sacros ou eletro-eletrônicos. Mas a coisa toma outra figura quando o religioso em questão é um frade.

Faz o padre um voto de celibato. Esse religioso não pode casar-se e, realmente não se conhece caso de padres que tenham casado com seus alunos, com beatas, ou mesmo com outros padres, sem antes largar a batina, renunciando aos seus votos. Já os frades, fazem voto de castidade. Isso os obriga a abrir mão do sexo com mulheres, homens ou animais de pequeno porte. E, de mão aberta, nem o pecado de Onan é possível. Para eximir-se desse voto, deve o religioso abandonar o hábito e não apenas despi-lo.

Por isso, quando um frade dominicano sai contando que deu uma pintada aqui, uma pincelada ali, uma brochada acolá, está na hora da Santa Madre acabar com essa arte. Foi por fatos como esse que o Vaticano instituiu a ordem dos santos homens, da qual modestamente me orgulho de ser o decano.

Para perfeitamente servir a Deus, além do que é cobrado dos civis, dois itens voltaram a ser exigidos aos religiosos:

1. É indispensável que o sacerdote abra mão de sua vida familiar. Já dizia o Senhor, "ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de  odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro". E complementou São Paulo "o solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor; mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher". Por isso, ou bem serve o sacerdote ao Senhor, ou bem se serve ao ridículo de sair por aí apresentando a todos a sua patroa.

2. É fundamental que o pastor renuncie à sua vida sexual. Já nos dizia São Paulo aos Coríntios, "bom seria que o homem não tocasse em mulher", e, antes que o acusem de incitar o homossexualismo, acrescentando: "não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. Isso obriga o pastor a se manter casto para se diferenciar da farinha desse saco.

Por serem considerados os ponta-de-lança da nova Igreja, os santos homens além de celibatários e castos, são seres sem pecado, mesmo os veniais. E não podem mentir.

Qui potest capere, capiat!

Padre Américo

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