Beatos

 

ontam-nos as gazetas dessa semana que 100 mil cartazes impressos sob patrocínio do Governo do Rio Grande do Norte serão distribuídos em todo o pais pela Arquidiocese de Natal, para assinalar a beatificação de 35 mártires brasileiros, todos do  Rio Grande do Norte. Referem também protestos de partidários de religiões alternativas contra esse gasto do erário com assuntos que só deveriam dizer respeito à Santa Madre Igreja.

Essa é mais uma mostra da Divina Graça. Ergamos as mãos, com moderação e sem coreografias e demos glória a Deus. Num país conhecido pela sua esterilidade em almas pias, finalmente conseguiremos emplacar numa só penada do nosso Sumo Pontífice, 35 beatos, com perspectiva de mais 265 a curto prazo. E arrazoemos: se a Bahia, apenas com uma beata, promete colocar o Brasil no primeiro mundo dos santos, imagine agora, o Rio Grande do Norte, com essa verdadeira inflação de beatos. Quantos santos de cabeça chata não teremos nesse milênio que se aproxima?

Temos que honrar essas poucas centenas de homens que deram a sua vida pela única e verdadeira Igreja de Cristo, exterminados num equivocado programa de índio patrocinado por pérfidos invasores holandeses, que além de protestantes, nem nossa língua sabiam falar. Que não faziam mesmo idéia alguma se eram bátavos ou batavos. Que pisaram nossa Terra da Santa Cruz com botas hereges e anti-ecológicas, sem respeito pela cultura dos nossos silvícolas, ainda por cima atrapalhando todo o trabalho de catequese da nossa santa Companhia de Jesus.

Que importância tem uns poucos milhares de Reais do Estado, num país declaradamente católico, em comparação com a santidade que adquiriremos? Pelo contrário, deveria o Estado patrocinar a ida de todos os nossos sacerdotes e santos homens para o Vaticano, para prestigiar o evento, sugestão que já mandei para o nosso bom Presidente e meu paroquiano pessoal, Fernando Henrique. Não há necessidade de acomodações de primeira classe, já que temos votos de humildade e pobreza, nos bastando um lugar na classe ecumênica.

Aos não-católicos, resta a conversão, que lhes garantiria a salvação eterna, uma boa economia em dízimos e a satisfação de estar gastando o dinheiro dos seus impostos em algo de reconhecida utilidade pública.

Oremus!,

Padre Américo

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